Apresentação
O Ecomuseu Quilombo Dona Bilina é um “museu-andado”. É um museu comunitário de território, criado em novembro de 2022, que se propõe a preservar, pesquisar, valorizar e divulgar as histórias da comunidade agrícola que vive no local. Historicamente, ela é residente da vertente norte do Maciço da Pedra Branca na região conhecida como Rio da Prata, no bairro de Campo Grande, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
Pedra do Cruzeiro, Morro da Bela Vista
Casa de Taipa, Morro da Bela Vista
Neste museu, o protagonismo é da comunidade que decide sobre seus patrimônios e como preservá-los. São referências culturais locais: os saberes e modos de vida tradicionais dos moradores do quilombo, suas tecnologias sociais, memórias, tradições religiosas festivas, agrícolas e culinárias, a medicina tradicional, os lugares simbólicos, a natureza, as lendas e crenças, os ofícios e a paisagem cultural do Rio da Prata e do maciço da Pedra Branca. Tudo isso vem sendo transmitido entre gerações e representa a identidade cultural do local.
Roteiros culturais
Produtos do Quilombo
O termo “ecomuseu” surge a partir dos debates sobre a função dos museus na sociedade nas décadas de 1960 e 1970. As fortes críticas ao distanciamento dos museus da vida e das histórias das pessoas comuns, diversas e plurais, provocaram uma mudança no campo da museologia. Com isso, surgiu a Nova Museologia e a Museologia Social que apresentaram novas formas de ação, compreendendo o museu como ferramenta de uso comunitário e participativo, baseado em decisões coletivas, auto representação e autonomia, e também com um olhar para demandas sociais.
Nesta linha de pensamento, a proposta é a substituição do museu-edifício, das coleções museológicas oriundas dos ricos e da presença de público-espectador por um território diversificado, por patrimônios múltiplos e pela participação efetiva da comunidade. Como resultado, surgiram novas propostas museológicas que buscaram valorizar as comunidades, o desenvolvimento local, o meio ambiente e os diferentes saberes e visões de mundo. Assim nasceram os museus comunitários, os museus de território e os ecomuseus.
Ações educativas e formativas na horta comunitária
O Quilombo Dona Bilina possui muitos patrimônios que ainda são vivenciados pela comunidade em seu território. São práticas culturais manifestadas em comportamentos, valores e visões de mundo que conectam as experiências e vivências dos moradores nas suas diferentes temporalidades, e produzem um sentimento de continuidade. O trabalho do Ecomuseu é valorizar esses referenciais identitários, buscando nutrir o sentimento de pertencimento da comunidade frente aos desafios e demandas contemporâneas, reafirmando o enraizamento histórico dos quilombolas.
Seu Aldair Gomes, Morro dos Caboclos
Roteiros culturais, Igreja Nossa Senhora das Dores
Objetivos do Ecomuseu Quilombo Dona Bilina
Pesquisar, preservar e difundir as histórias e memórias locais, considerando as experiências e vivências dos grupos constituintes do quilombo. São grupos que manifestam valores identitários e um sentimento de continuidade expressos em práticas culturais vivas nos cotidianos partilhados.
Valorizar os/as agricultores/as locais e suas heranças culturais, considerando a resistência e importância desse campesinato negro popular na manutenção das tradições locais e no desenvolvimento da agricultura urbana
Atuar na geração de renda e no trabalho através de ações museológicas de valorização das realidades, saberes e produtos locais;
Atuar na conservação socioambiental da região, entendendo a importância dos recursos naturais e do patrimônio ambiental para a constituição identitária;
Valorizar e promover o protagonismo das mulheres como importantes lideranças comunitárias, responsáveis pelo sustento de famílias e guardiãs das memórias locais;
Promover atividades para infância e juventude visando a continuidade e atualização das práticas culturais locais.
Atuar no combate ao racismo, preconceitos e intolerâncias e formas de invisibilidade da cultura afro-brasileira marcantes na constituição de comunidades quilombolas como a Dona Bilina
Linhas de ação
Espaço virtual de divulgação do museu e do quilombo. Contém galerias de fotografias, vídeos, exposições virtuais, textos, publicações e muitas informações sobre o trabalho da comunidade.
Metodologia de trabalho que incentiva a comunidade a identificar e documentar as referências culturais que formam o patrimônio do local, com uso da história oral. O inventário participativo contribui para a mobilização e sensibilização da comunidade para a importância de seu patrimônio cultural, por meio de uma atividade formativa que envolve produção de conhecimento e participação.
Programa de Histórias de Vida – Coleta de depoimentos de pessoas importantes à história da comunidade, construindo fontes de pesquisa e um espaço para múltiplos conhecimentos sobre o território.
Roteiros históricos culturais produzidos pela comunidade. Os roteiros apresentam os patrimônios e as relações com a história local, com destaque para o desenvolvimento do território e a geração de renda e trabalho.
Conjunto de ações voltadas à comunidade e ao público externo visando abordar temas de interesse do quilombo / ecomuseu, contribuindo para preservação da memória local, conscientização ambiental e educação patrimonial.